Mais afeita a um ideal de evolução, do que de ruptura, não surpreende, portanto, que a arquiteta e
designer tenha ido buscar na Alquimia - a mítica ciência medieval que tinha como objetivo a transmutação
de um elemento em outro -, a inspiração primordial para compor sua nova linha de mobiliário, que tem na
pesquisa de novos materiais um de seus pontos cardeais. "Penso que vivemos um momento de
transformação. De observar com cuidado para converter, até o que aparentemente não tem valor, em algo
precioso", diz ela.
Transposto para nossos dias - mais especificamente para o microcosmo de uma casa que busca se
harmonizar com seus moradores, mas também com o planeta -, o ideal alquímico da transmutação se
manifesta na coleção por meio de móveis essenciais, mas não menos elaborados. Uma coleção na qual o
ineditismo formal cede espaço ao surpreendente: para estofados nos quais o prazer do toque é ressaltado.
Para tampos que subitamente migram de um material a outro. Ou ainda para superfícies que parecem
estar em estado de fusão.
Em busca do elixir da vida dos alquimistas - aquele que daria a imortalidade a quem o bebesse, ou
traduzido para o contexto do design, vida longa aos móveis e objetos -, Patricia acaba por compor uma
coleção transversal, ágil e flexível. Capaz de atender a múltiplas funções e ainda em condições de navegar
com desenvoltura pelos mais variados espaços domésticos, corporativos ou mistos. "Pensar em
longevidade, em móveis que passam de geração a geração, para mim, é pensar também em
sustentabilidade", pontua.
Um sofá modular de dimensões à la carte . Uma poltrona, com pufe. Uma estante sem configuração
definida. Um armário de uso múltiplo, uma cadeira sem vocação definida, e, ainda, um conjunto de mesas
com tampos articulados. Ao todo, oito móveis transmutáveis , por assim dizer, mas indissociáveis da
excelência do fatto a mano, e do padrão de sofisticação inerentes à Artefacto, em seu quase meio século de
vida. "Eis aí o meu desafio alquímico: transformar, a cada coleção, o que, solidamente, já existe", sintetiza
Patricia.