Sob o título Psyché (do grego psukhē, significa respiro, vida, alma), a Artefacto Edition 2022 quer "resgatar um momento em que a humanidade era capaz de
transformar a natureza com equilíbrio e racionalidade. Uma época em que havia forte harmonia entre o belo e o bom. A inspiração na Grécia vem com força por
meio da cultura, das referências históricas e das formas – sobretudo a arquitetura. Mas também a retórica, a filosofia, a mitologia, os costumes – pilares que
ajudam a sustentar a civilização ocidental contemporânea", explica Patricia Anastassiadis, arquiteta, designer e diretora criativa da Artefacto. "O que
extraímos desse período de reclusão e confinamento? Tivemos uma aproximação maior com os objetos e desenvolvemos um entendimento da casa como um
espaço multifuncional/multiemocional – reaprendemos a aproveitar as metragens, buscamos a verdade (das coisas e das pessoas), procuramos entender
como será a vida no futuro", reflete. "Retornei à Grécia durante o isolamento social – mas foi uma viagem diferente. Quis respirar, engolir tudo. Saí de um
aprisionamento em busca da minha essência e encontrei muito dela na liberdade do pensamento dos gregos", revela Anastassiadis, nascida em família de
origem greco-brasileira. No amadurecimento deste relicário/imaginário, Patricia colhe também o fruto de suas próprias memórias afetivas sobre moda,
sugerindo em alguns dos móveis gestos plissados e/ou drapeados que derivam dos figurinos mediterrâneos – tecidos e panos torcidos/retorcidos/trançados
em irresistíveis moulages surgem interpretados em materiais desafiadores e de alta performance, como vidros soprados e rochas naturais esculpidas à
perfeição. "Simplicidade e sofisticação", resume. A energia feminina assume o comando desta narrativa quando Patricia também evoca a ancestralidade e a
essencialidade de referências como as esculturas Cicládicas – artefatos do tempo que apontam para a liberdade de expressão e para o protagonismo da
mulher, abrindo alas e aferindo eco nos trabalhos de Modigliani e Giacometti. A fertilidade feminina dá à luz o renascimento da civilização. A arte fica em
primeiro plano.
"Um dos meus objetivos é transmitir uma sensação de amplitude, seja qual for o contexto espacial em que o móvel vai estar inserido. Nesta coleção, venho
com um raciocínio que atravessa o tempo – um modo de repensar a construção e as consequentes funcionalidades, ergonomia e estética do mobiliário a partir
da fluidez contemporânea. Não precisamos de muito para viver – só precisamos de coisas que sejam boas e equilibradas", finaliza.